Breve histórico das principais mudanças no Selo do Grande Oriente do Brasil
Publicado originalmente em 05 de dezembro de 2020
Publicado originalmente em 05 de dezembro de 2020
O Grande Oriente do Brasil, potência primaz, foi criada regularmente em 17 de junho de 1822, no Rio de Janeiro, por meio da reunião de 3 (três) lojas regulares ("Commercio e Artes na Idade do Ouro"; "União e Tranquilidade" e a "Esperança" de Niterói).
Para emissão de boletins, publicações e correspondências, em algum momento houve a necessidade de criação e utilização de um selo representativo, comum em entidades maçônicas.
O selo é um tipo de chancela de uma entidade.
"A chancela consiste no lançamento de um selo de autenticidade, carimbo ou marca d'água especial, que confere o mais alto grau de validação ou oficialização, reconhecimento, segurança e personalização dos documentos e títulos, tornando-os válidos perante aos órgãos que os analisarão posteriormente. Referida palavra faz designação de um sinal que representa uma assinatura o aprovação oficial ou um título conferido por uma repartição pública. É também sinônimo de: patrocínio, permissão, carimbo, selo, sinete, timbre, aprovação, aval".
(fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chancela)
No entanto, apenas em maio de 1835, de forma não regulamentada oficialmente, surgiu o primeiro selo do Grande Oriente do Brasil, chancelado em um documento assinado pelo Grão-Mestre em exercício, Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque (Visconde de Albuquerque).
O selo era algo similar à imagem abaixo (retirado do Boletim Oficial, nº 1. de 1871, do Grande Oriente do Brasil):
“O Selo do Grande Oriente do Brasil – um rochedo batido por ondas violentas tendo acima dele, sempre brilhante, a Estrela da Gn∴ – está contido numa orla circular, onde na parte superior está inscrita a divisa NOVAE.SED.ANTIQVAE e, na parte inferior, separada por um crescente e uma constelação de sete estrelas, a legenda GR∴OR∴DO BRASIL, com um conjunto de esquadro e compasso”
Mas, por motivos adversos, já que ainda não havia nenhum ato oficial regulamentador deste Gr∴ Selo por algum Grão-Mestre da Ordem. Fora isso, houveram diversas pequenas modificações (cerca de 20) ao longo de mais de 160 anos.
Naquele século houveram algumas pequenas cisões, sendo a mais importante a ocorrida em maio de 1863. Nesta, o Grande Oriente do Brasil dividiu-se em dois Grandes Orientes.
O primeiro mais conservador e clerical e o segundo mais liberal e anticlerical, sendo eles o:
Em 20 de maio de 1872, houve a fusão do "Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil ao Valle do Lavradio" com o "Grande Oriente do Brasil ao Valle dos Beneditinos".
Unidos num só corpo, este foi nomeado para "Grande Oriente Unido do Brasil".
Abaixo, os selos criados à época para esta nova fusão:
Vê-se neste novo selo (do Grande Oriente Unido do Brasil) a ausência de único rochedo e ainda das ondas violentas.
Esta nova imagem ao fundo lembra, para muitos, o complexo do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, pois o mar é calmo e há forte semelhança realmente.
Apesar da promessa de criação do novo "Grande Oriente Unido do Brasil", esta ainda careceria de eleição para decisão de quem faria seu governo.
Desta forma, a primeira eleição foi acordada para ocorrer em setembro de 1872.
Portanto, até então, haviam ainda dois Grão-Mestres em operação, como segue:
Saldanha Marinho (Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil ao Valle dos Beneditinos)
Visconde do Rio Branco (Grão Mestre do Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil ao Valle do Lavradio - Grande Oriente do Brasil)
Mas, nas eleições ocorridas em setembro de 1872, vence Saldanha Marinho.
Não aceitando o resultado, Visconde do Rio Branco, Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, ANULA, em 14 de setembro de 1872, a fusão entre os dois Grandes Orientes.
Como resultado:
Saldanha Marinho (Beneditinos), liberal e anti-clerical, passou a dirigir simultaneamente o Grande Oriente dos Beneditinos e o Grande Oriente Unido do Brasil, se utilizando do selo acima exposto para este novo Grande Oriente formado;
Visconde do Rio Branco, governista e clerical, continuou dirigindo o Grande Oriente do Brasil e o Supremo Conselho do Brasil.
Apenas em 18 de janeiro de 1883 ocorreu nova fusão destas duas potências, no qual resultou na permanência apenas do Grande Oriente do Brasil.
Em 20 de setembro de 1997, após 162 anos do surgimento do primeiro selo, houve, de fato, ato oficial pelo Grão-Mestre no qual, pelo Decreto nº 85, regulamentou o Grande Selo Oficial do Grande Oriente do Brasil.
O próprio Decreto relata que a partir de então utilizaria a versão original do selo. No entanto, na realidade foram acrescentados 2 (dois) rochedos ao selo original (de apenas um rochedo).
Mesmo após edição do referido Decreto regulamentador, por questões que não pretendo depurar, durante algum bom tempo o Grande Oriente do Brasil continuou utilizando o Selo original, com apenas um rochedo, conforme imagens abaixo retiradas de Boletins da época (de 1997 a 22/07/2020):
Em 22 de julho de 2020, o Grande Oriente do Brasil atualizou, de fato, todos os Boletins, a partir daquela data, para o Selo em conformidade com o oficializado em 1997.
Tanto o Selo usado há muito tempo pelo Grande Oriente do Brasil, quanto este último com 3 (três) rochedos, nenhum deles se assemelha ao complexo do Pão de Açúcar como alguns consideram. Muito menos não há evidências de qualquer documento Oficial, emitido pelo próprio Grande Oriente do Brasil, que faça alguma menção deste tipo.
Já o Selo utilizado pelo Grande Oriente Unido do Brasil, lá em 1872, este sim possui grande semelhança com o Complexo do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. No entanto, não encontrei nenhum artefato Oficial que prove tal entendimento.
Particularmente, acredito que pelas diversas alterações ao longo do tempo, além do caso ocorrido pela criação selo de 1872, pelo Grande Oriente Unido no Brasil (este sim parecido com o complexo do Pão de Açúcar), possa ter causado alguma divergência de entendimento.
Paz e bem a todos!
Aldemari Gomes Borges
https://heliopleite.blogspot.com/2020/12/o-selo-do-grande-oriente-do-brasil-gob.html
http://folha-da-acacia.blogspot.com/2008/04/o-selo-do-grande-oriente-do-brasil.html
http://lojaverdademaconica.blogspot.com/2011/01/selo-do-grande-oriente-do-brasil.html
http://dozeapostolos.com.br/?page_id=157
http://www.museumaconicoparanaense.com/MMPRaiz/imagens/iGOUB/HistGOUBR.htm